sábado, 8 de maio de 2010

Custos

Vi uma apresentacao em powerpoint bem bacana esses dias sobre Ville de Québec e como estava a tempos digerindo como escrever sobre custos de vida por aqui, essa apresentaçao deu a inspiraçao necessaria.
ALERTA : VOU DAR UMA OPINIAO, NAO E UMA VERDADE. Falo a partir do que vejo e vivo em Ville de Québec.

1- Os dados que achamos nos sites de emprego nao incluem pesquisas de impacto da imigracao, eles nao avaliam a empregabilidade do imigrante (que nao tem necessariamente a ver com a sua formacao, mas com a visao do empregador). Tem engenheiros, medicos, cientistas sociais, professores universitarios brasileiros e de outras nacionalidades desempregados ou fora da area ou tentando validaçao. O mercado é mais aberto pro pessoal de informatica em geral, pra começar de baixo. A area de saude, apesar da grande demanda, tem grandes restriçoes (especialmente para os médicos) e muito tempo de estudo complementar. Pessoal da area de humanas em geral, muita atençao porque a empregabilidade é baixa, a menos que se queira mudar de area. Nas areas técnicas em media tem uma boa oferta. Excesso de formaçao aqui pode nao ser sinônimo de vantagam, pode até ser desvantagem.

2- Tem gente que vive de emprego sazonal aqui. Pessoas que tem familia para ajudar por aqui ai da pra segurar se nao entrar nada. Em geral essa é a porta de entrada pro mercado. Fiquei como temporario e foi dificil trabalhar uma semana 8 horas por dia e na outra nao trabalhar. Aqui se ganha por hora, nao trabalhou, nao ganha.

3- Nao vejo muitas pessoas que trabalham 40 horas por semana, a maioria trabalha por volta de 35 Considerando um salario minimo de 8,5 a hora, o piso salarial fica cerca de 15500 ao ano. A titulo informativo, para os organismos de ajuda, um casal sem filhos que ganha menos de 25 000 por ano é considerado pobre.

4 - Vamos fazer umas médias para um casal sem filhos:
- Aluguel - 600 em media de 3 e 1/2 (quarto e sala) - por ano 7200;
- Energia elétrica, entre 50 e 60 por mes - entre de 1200 a 1400 por ano;
- Carro (nao recomendo ficar sem em ville de quebec) uns 1000 por ano com manutençao num carro usado meia vida, uns 200 dolares por mes de gasolina, por baixo uns 2200 por ano.
- Internet, tv a cabo com ou sem telefone fixo mais uns 60 a 90 por mes, 720 a 1080 por ano.
Somando temos cerca de CAD 11880,00 ao ano sobram cerca de 3620 dolares ao ano, cerca de 70 dolares por semana, sem contar alimentaçao, vestimenta, lazer, que variam muito de pessoa pra pessoa, e mais eventuais imprevistos.

Acho importante informar para que haja planejamento adequado e evitar surpresas. Agora, tem muitos organismos de ajuda que dao cestas basicas semanais que ajudam muito com o essencial. Vejo também que a maioria das pessoas tem que complementar essa cesta. Tem muitos brechos com roupas baratas, utensilios e as vezes moveis (Armée de Salut, Village aux Valeux, friperies)

O governo tem o Aide Social, que so pode ser solicitado a partir de 3 meses da chegada e nao se pode trabalhar nem receber bolsa de estudos, senao o governo corta imediatamente. Nao sei exatamente quanto é.
Entao na minha opiniao é bom vir sabendo o que se quer fazer (pelo menos ter planos A, B e C para cada um), como é a empregabilidade na area de formaçao (pesquisar muito e perguntar para alguem da area para ver essas questoes com empregadores), se vai ser preciso voltar a estudar ou nao, e importantissimo, capitalizar o maximo possivel antes de vir pra nao ter surpresas. No mais se tiver dinheiro a mais do que precisou, excelente, ja começa a guardar para a aposentadoria (risos).

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A Policia e La Police

Resolvi escrever agora, meio de subito, enquanto estou vendo o jornal de SP pela internet e vim ouvindo do trabalho as noticias daqui. As duas noticias falavam de abuso da policia local. Mas vamos ver as diferencas.
A noticia local dizia que no verao de 2008 um grupo de policiais foram chamados para o Centro da Cidade, aqui em Quebec, perto do Vieux Quebec onde numa rua onde estava acontecendo uma briga. O policial foi prender uma pessoa, chamou reforcos, alguem pegou o celular e comecou a filmar. O chefe da operacao disse a um colega para pedir a pessoa que parasse de filmar, o policial pediu, a pessoa nao parou, ele pediu o telefone para apagar o video, a pessoa nao deu, ele levou ela em prisao sob o argumento de intimidacao. Os policiais, essa semana, foram suspensos por 3 dias sem salario, por ferirem o codigo de deontologia da corporacao. Os jornalistas locais fizeram uma chacotinha da punicao.
Em Sao Paulo, foi encontrado um motoboy morto, que foi abordado na vespera por policiais por causa de uma briga, pelo que lembro. Os policiais foram inquiridos e disseram que o motoboy agiu com ofensas aos policiais (que deveriam ter feito um registro de ocorrencia de desacato e nao fizeram), nao teve noticias do motoboy depois do encontro com os agentes da lei em questao. Mais noticias no Jornal Nacional.
Um morre o outro foi preso, nos dois casos a policia exagera, sem comparacao nas proporcoes, os dois jornais reclamam, mas nao se sabe o que vai acontecer. Sera que vai acontecer uma punicao proporcional... Os jornalistas daqui pareceram descontentes, mas nao deixaram pra la. Os do Brasil, tomara que nao esquecam tambem.
Isso nao vai atingir um tanto de gente do Brasil, entao a noticia vira historia. E completamente possivel viver assim, sem se incomodar e nao tem nada de errado. Alias em cada lugar se acha uma estrategia de sobrevivencia, e aqui existem algumas, depois dou mais noticias.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Post Explicativo sobre equivalencia de estudos

Vi que esse tema da esquivalencia foi bem e percebo que ainda fica meio nebuloso na cabeça das pessoas. Vou expor aqui o que aprendi, vivi e pesquisei.

Há em Québec, um indice baixo de natalidade, uma economia em crescimento e uma populaçao envelhecida, prestes a se aposentarnos proximos 5 anos, sem capacidade de reposiçao de mao-de-obra, ou seja, uma necessidade de reposicao quase imediata de trabalhadores em várias escalas.

O governo, pensando nessa reposicao imediata, recruta os imigrantes qualificados e com capacidade de integraçao (dentro dos critérios deles) mundo afora. Há muitos imigrantes chegando, uma sociedade de acolhida que parece nao saber bem o que esta acontecendo e um mercado de trabalho que, em muitas instancias, só conhece as formaçoes daqui. Muitos nao sabem diferenciar um refugiado, de um trabalhador temporário, de um residente permanente. Recrutamento de imigrantes, muito menos! O governo, na minha opiniao, querendo intermediar a traduçao cultural educativa se propoe a dizer o que seria esse tal curso no pais X para quem tiver interesse em saber.

O empregador tem o seguinte: minha empresa está crescendo, meus empregados vao se aposentar e estou precisando ou vou precisar de mao-de-obra. Normalmente recruto no nível que preciso. Se meus cargos sao tecnicos, procuro nos CEGEPs, se sao superiores, nos formandos e formados das faculdades daqui, se preciso de gente com experiencia, faço ofertas melhores que as dos meus concorrentes.

O imigrante tem o seguinte: tenho qualificaçao, mas nao é a daqui, tenho experiencia, mas nao é a daqui, tenho uma lingua a dominar que nao é a minha. Existem ajudas para isso. Entao ficam dois grandes desafios que sao complementares: achar trabalho e se integrar a sociedade local.

Se o empregador rompe os paradigmas locais, ele pensa: sera que eu chamo esse cara de nome estranho que esta me falando que sabe esse monte de coisas e fez essas outras lá na terra dele? Muitos dizem: Nao. Vou esperar alguem se formar aqui e contrato. Outros dizem: vou tentar. Fazer isso que fazemos é igual no mundo todo, se esse imigrante me entender, contrato e treino. Muitos nem sabem que existe uma equivalencia de estudos e nao precisam de uma. Se ele está precisando mesmo, ele arrisca. Aí é so alegria e a integracao em geral acontece bem. (a maioria das pessoas que conheço nessa situaçao sao da area de informática)

Porém em muitos casos, nao é suficiente ter a formaçao desejada e o tempo de experiencia, se eles nao forem daqui. Mesmo se houver um estudo comparativo.

Ai vai o imigrante voltar aos estudos.(Geralmente isso acontece de quem vem das ciencias humanas) Mas quem vai validar o que ele já estudou no país dele? A própria universidade, que tem autonomia para creditar ou nao materias cursadas, ou entao a sua ordem profissional para dizer o que falta na formaçao para ser como um profissional daqui. E o estudo comparativo do MICC fica aonde? O caso das engenharias, das areas da saúde e outras profissoes regidas por ordem, exige-se geralmente uma volta aos estudos e/ou uma bateria de provas para validar os diplomas para poder atuar na area. Isso demora. Entre 6 meses e 1 ano e meio. Claro que cada ordem do seu jeito e no seu tempo.

O governo nao obriga nenhuma dessas esferas a concordar com ele. Só o proprio governo que quando abre concursos, para poder dizer se você é qualificado para o cargo pede a sua equivalencia, para poder te comparar com os outros candidatos.

Nessa romaria toda tem quem vá embora, quem faça esse processo a distância, e quem desiste e muda de área, já que em muitos casos estar na area de origem implica em começar de novo, a pessoa começa em outra área.


Porque entao eles insitem tanto em fazer a equivalencia de estudos? Se alguem tiver essa resposta, me conta!

sábado, 20 de março de 2010

Validaçao de Estudos pelo MICC

Ontem, depois de 5 meses de espera recebi a validaçao de Québec dos meus estudos do Brasil feita pelo Ministério da Imigraçao e das Comunidades Culturais. O prazo eram 6 a 8 semanas, depois de ligar por 3 vezes e ter como resposta: estamos com um atraso, ligue dentro de 2 semanas, resolvi esperar e chegou o documento. Fiz esse processo encaminhado por uma agente de imigraçao que disse ser muito importante validar o diploma de fora de Québec, para inserçao no mercado de trabalho. Imigante recém-chegado, a gente vai acreditando. Fiz, esperei e surpresa: a carta de frente da documentaçao diz textualmente que esta validaçao e simplesmente um estudo comparativo e que nao implica em nenhum compromisso nem de ordens, nem de estabelecimentos de ensino nem de empregadores. Pergunta cabal depois de gastar quase 500 dolares com esse processo: Para que isso serve mesmo? A minha pós-graduaçao foi validada como um diploma menor de primeiro ciclo para eles. Detalhe interessante: aqui existe o mesmo MBA que fiz mas vai entender esse povo. E segue a vida... Se conselho fosse bom a gente nao dava, vendia, esse vai de graça.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Semaine de relaxe, primavera antecipada e carnaval fora de época.

Semana passada a universidade deu o que eles chamam de semana de relaxe. Na verdade chamam de semana de leitura, maaasss, nesse ponto temos algo em comum entre brasileiros e quebecois, vira a semana de relaxar. Claro que tem gente que leva a sério e poe as leituras em dia ou estuda mais, mas em geral a galera relaxa, porque o estudo é puxado, cansa pacas, aí, tome relaxe...
Nós resolvemos viajar, visitar um primo na Flórida. Aí vem uma grande alegria de morar na América do Norte, ir pra lá foi razoavelmente fácil e foi muito divertido. Sem falar que família é bom, com moderaçao (risos). Brincadeira.
Enfim, mudando de assunto, e, aproveitando o título o tao temido inverno parece que estava meio cansado esse ano e nao foi tao implacável, já estao falando em primavera antecipada. O gelo das ruas está derretendo, tem sol que esquenta e as temperaturas tem ficado positivas. Digamos que sao boas vindas da mae natureza para esse primeiro ano de imigraçao. Como eles falam: foi seu primeiro inverno, espera os próximos. Vou esperar...
Aproveitando que a primavera vem, estou animado para a festa de carnaval fora de época que vai rolar aqui em Québec. Essa é de utilidade pública! A festa vai ser promovida pelo Grupo de capoeira daqui (sim, aqui é roça mas tem grupo de capoeira e tudo!), com a participaçao do Maracatu Pé na Rua, também daqui (eita, acho que aqui nao é tao roça assim?!), com o apoio da recém criada ABRE (Association Brésil des Étudiants de L'Université Laval) da qual honrosamente faço parte. Quanta coisa, né! Tem uma propaganda no facebook do evento, nao vou dar muitos mais detalhes, mas vale a pena dar uma espiadinha. O evento se chama carnaval brésilien.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

E vida continua...

Quanto tempo sem escrever, tem hora que é dificil escolher o que dizer. Nao queria perder tempo escrevendo qualquer coisa, sem finalidade, mas resolvi começar.
De novidade da nossa vida desde o ultimo post só o começo do nosso bacharelado. Cursos compensatorios, aulas muito puxadas, metodologia de ensino beeeeem diferente da do Brasil.
Aproveitando essa deixa da metodologia de ensino, cada vez mais minha visao da cultura local está mais concentrada na idéia de que eles fazem as coisas que estao previstas. A racionalidade do manual, poderia chamar assim o padrao de comportamento deles. Tem muitas coisas que se faz por aqui e que eu acho difícil de entender a lógica. Explico.
As casas por exemplo sao bem iguaizinhas, nao tem muita diferença entre elas, porque existe um padrao registrado e que custa caro mudar, entao mantem-se e pronto. Isso funciona um pouco para a educaçao. Sinto que se discute no máximo o que ensinar, mas nao como ensinar. O maximo do como se aplica em incluir uma nova tecnologia, ou nao. Nao vi até hoje abordagens construtivistas, socio-construtuvistas. Vejo uma abordagem tradicional, como diria Paulo Freire, de educaçao bancária, em que o professor deposita as informaçoes como se os alunos fossem cofres. Soa desumano, mas para eles é normal. Assim que sempre foi. Nao se questiona. Tudo é meio padronizado: o modelo de redaçao, a forma de dar aula, a relaçao entre professor e aluno. E, de uma certa forma está dando certo.
Tenho a impressao que estamos em uma sociedade que é fruto de uma educaçao tecnicista e isso garante por exemplo, que vai ter um cara que é especialista em apertar parafusos,e ele vai apertar parafusos e nao bater martelo.
Até onde saiba eles nunca tiveram uma inflaçao de 80% ao mês como ja tivemos no Brasil, a economia é estavel, nao tem muito o que rebolar pra levar a vida. Trabalha-se, ganha-se dinheiro e se gasta. De alguma forma isso organiza o mercado, mas engessa um pouco as relaçoes, e isso é muito mais sensível na minha opiniao para nós brasileiros que somos criados com uma valorizaçao enorme da criatividade.
Diria que em termos de sociedade temos muito a aprender com os canadenses e eles conosco. Eles a se abrirem para solucoes criativas, que fujam do manual e nós de organizarmos as coisas e respeitar as regras estabelecidas.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Um novo ano

Aos leitores do nosso blog, amigos e interessados, nossos mais sinceros desejos de um ano novo especial e cheio de conquistas.
O nosso ano promete. Um novo ano sempre inspira (pelo menos em mim) projetos, sonhos. Mas também me faz avaliar, refletir e buscar reorganizar. O blog é uma boa testemunha das nossas conquistas e dos nossos sonhos. Fato na nossa vida é que planejamos vir para cá, imigrar, recomeçar a vida. Mas as coisas se reorganizaram, e vejo um toque das maos de Deus nessas coisas. Pensei que começar seria mais difícil em relaçao a um primeiro emprego. Nao foi. Em cerca de um mês depois da nossa chegada em Ville de Québec, já estava empregado, trabalhando na minha área na empresa que pesquisei. Porém pensei que a ascençao fosse mais simples. Nao tem sido. A maioria das vagas disponíveis exigem formaçao específica daqui. Por isso estou voltando aos estudos. Essa era uma das coisas que nao estavam nos planos , mas que sao bem-vindas. Estudar nunca é demais...
Enfim, ano novo, planejamento novo, vida nova. Pelo menos nao vou precisar de 2 empregos pra nos manter, com a ajuda da bolsa do governo, que nao é muita, pelo menos é uma renda que entra todo mês. E que venha 2010 e suas alegrias e boas surpresas.