sábado, 2 de fevereiro de 2008

Tem tristeza, mas não é triste.

Estar triste não é ser triste. É bom usar as diferenças entre ser e estar. Vou aproveitar minha língua mãe para isso. No "être" não cabe essa intenção.
Ontem fomos ver "O Caçador de pipas". Minha espectativa era enorme. O livro foi impactante. O filme tinha que ser igualmente, e foi. O importante é que quando li o livro, não tinha observado com tanta atenção os sentimentos relacionados a migração. Identificação foi o segredo dessa minha leitura. Como os personagens, deixar o Afeganistão (no meu caso o Brasil) e migrar para os EUA (Québec) envolve muitos sentimentos. Experimentei pelo filme o sentimento de alívio de deixar um lugar "ameaçador" para meus projetos: vida saudável, justiça social, possibilidades para os filhos...
Chorei com o livro, chorei com o filme , mas chorei diferente. Foram lágrimas resignadas. Não de fuga, de decisão. Pelos amigos dos quais sei que vou ficar na lembrança. Por pensar nas pessoas que vão morrer. Por não conseguir mais sonhar com um país bom nos meus dias. É difícil dizer, mas o lugar que eu sonhei não está mais por aqui.
Não gosto da sensação comunicar esse pesar, mas vou me permitir. O contraste ajuda a ver melhor.
Sonhar com as perspectivas anima demais... E que venha a bonança!
Québec, on y va!

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